O blog a Guardiã da Meia-Noite tem o privilégio de fazer a divulgação do livro Agnus Dei da autora nacional Ju costa, esse é o primeiro livro que faz parte de uma série de 4 livros, especificamente gênero sobrenatural direcionada a vampiros.
Segunda a autora, a história do livro é “(...)
voltada para o suspense, para o elemento psicológico da transformação de um ser
humano em uma criatura sobrenatural e para tramas políticas envolvendo organizações
internacionais que lidam com o sobrenatural.”.
Então apresentamos a vocês Agnus Dei,
acompanhe abaixo algumas informações do livro.
No mundo existem cinco organizações responsáveis por
combater as forças sobrenaturais. A história se centra na Ordem de Aset,
organização sediada em Paris e responsável por boa parte da Europa e América do
Norte.
A Ordem foi fundada há milhares de anos no Egito Antigo por
três criaturas. Atualmente, a tradição é seguida: o líder atual escolhe o líder
seguinte dentro das opções em seu contingente, desde que uma reencarnação dos
três fundadores originais não seja encontrada. Caso seja encontrada uma reencarnação,
ela deve ser localizada, trazida para a Ordem e treinada para liderar.
A atual líder Theresa Monte tem sua competência vastamente
questionada por seus pares. Suas
decisões e capacidades são questionadas por todos. E agora, uma reencarnação
foi encontrada. Monte agora deve enfrentar a decisão: ou confia na força da
tradição, ou a ignora e segue liderando a Ordem da maneira que crê ser correta.
Ao mesmo tempo deve lidar com o vampiro que ela escravizou por um pacto de
sangue, e que apesar de ter que obedecer todas as suas ordens, ao mesmo tempo
busca desesperadamente por um meio de se livrar das amarras invisíveis que o
prendem a ela.
Julie, uma mulher recém-transformada em vampiro também vai
ter que aprender como lidar com as mudanças de sua vida. Ao longo da história
acompanhamos a desconstrução de sua humanidade enquanto ela percebe a
relativização da moral humana diante de uma criatura imortal e se transforma
cada vez mais em um monstro.
“Death is when the monsters get you.” - Stephen King
(“Morte é quando os monstros te pegam.”).
Passos ecoavam apressados pelo corredor de pedras cruas. Era
um subterrâneo qualquer, as lâmpadas no teto iluminavam firmemente o local,
fora uma ou duas mais adiante que piscavam devido a alguma oscilação de
eletricidade. A mulher não corria, não era do tipo que corria; ao invés disso
apenas adiantava-se elegantemente pela passagem. Usava seus longos cabelos
louros soltos e óculos de armação leve diante dos olhos azuis. Tinha um corpo
alto e magro coberto por um pijama de mangas compridas e um robe vestido de
qualquer jeito. Virou-se bruscamente à direita e entrou por uma porta de
madeira.
Atrás da porta havia uma sala pequena, na parede oposta
imediatamente em frente à mulher encontrava-se uma grande janela que dava para
o aposento vizinho e ia do chão ao teto ocupando quase todo o comprimento da
sala. De costas para a porta de entrada havia um homem, alto de cabelos negros,
vestia calças pretas e uma camisa branca, estava descalço.
A mulher se aproximou dele e parou ao seu lado:
- Já disse alguma coisa?
- Não – respondeu sem desviar o olhar da janela tentando
controlar a própria empolgação e ansiedade.
Do outro lado, no centro de uma pequena sala circular
encontrava-se uma mulher inteiramente despida com cabelos negros tão longos que
tapavam boa parte de seu corpo. Seus olhos estavam inteiramente lilás e
enevoados. Os cortes que cobriam seu rosto, pescoço e ombros formavam desenhos,
símbolos, uma imensa tatuagem de sangue. Ela levantava e abaixava as pernas,
afastando e aproximando as mãos e diferentes partes do braço do rosto em uma
lenta dança ritualística.
Ao redor da sala seis lâmpadas apagadas eram foco da atenção
exclusiva de igual número de homens mantidos de costas para o centro, vestidos
com roupas militares e com pesados abafadores tampando-lhes as orelhas.
- Quanto tempo você acha que demora?
O homem virou-se para ela com um leve sorriso:
- Não muito mais, eu acho.
À medida que a criatura dançava a tatuagem continuava a
escrever-se rasgando-lhe a pele até que todo seu corpo estivesse coberto com os
símbolos. A cabeça mantinha-se frouxa, pendendo de um lado para o outro sem
vontade própria, os movimentos foram ficando menores e mais cansados e
subitamente cessaram. A criatura tinha a cabeça jogada para trás, seus cabelos
foram puxados seguindo a violência do movimento, e agora revelavam o corpo que
antes escondiam. Os braços e pernas estavam largados sem vida e sangue escorria
por eles pingando pelos dedos, e ela parecia estar sustentada no ar como que
por um anzol invisível que a puxava pela parte da frente do pescoço, todo o
resto estava simplesmente largado.
A tatuagem elevou-se do corpo criando um relevo, e a boca da
criatura mexeu-se fora do campo de visão dos dois observadores. A voz era
aguda, dolorida e sem vida:
- ‘Vocês não podem procurá-la’ ele disse.
‘Vocês não vão
achá-la’ ele disse.
‘Não podem
entendê-la’ ele disse.
‘Não lhes serve’ ele
disse.
A cabeça que falava começou a se elevar, como se arrancasse
forças de seu próprio discurso para retornar à vida. Mas a força exigida para
mantê-la ereta observando seus interlocutores parecia ser absurda e permanecia
tremendo, tentando equilibrar-se em uma só posição. Os membros que até então
permaneciam mortos foram readquirindo movimentos apresentando pequenos impulsos
e sacudidas. A boca arreganhada continuava seu monólogo agora exibindo dentes
que pareciam ter crescido alternadamente da gengiva, alguns afiados, outros
mais retos; todos grandes demais para caber dentro da boca ficando a mostra e
cortando os lábios da criatura que não reduzia a velocidade das palavras agora
expulsas com maior ferocidade por uma voz mais segura e grave.
- Mesmo que a tivessem não saberiam que fazer com ela.
Nunca vão saber o que fazer com ela.
Não podem entendê-la
Mesmo que a aprisionem, ela sempre pertencerá a mim!
Pertencerá a mim!
A fala transformou-se em um grito rouco que apenas repetia
as últimas três palavras incessantemente. O homem ficou de costas para a janela
apoiando-se no vidro e olhou para a outra que observa a cena como se ainda
esperasse algo.
- Acho que está na hora.
- Ainda não nos disse nada útil. Ainda não disse nada que
não soubéssemos.
O corpo do outro lado já se debatia violentamente, os braços
e pernas se espalhavam sacudindo-se para os lados como se fossem feitos de pano
e a cabeça já se sustentava com firmeza no ar, fixa encarando seus observadores,
não tremia mais.
- Pertencerá a mim – entoava como uma canção.
- Não vai nos dizer mais nada. – concluiu o homem.
A mulher se dirigiu à lateral e apoiou sua mão na parede
logo onde a janela terminava, envolvendo com seus dedos um interruptor que abrigava
um pequeno botão amarelo.
- Ainda há tempo – disse ainda observando a criatura que se
debatia cada vez menos sofrivelmente. Em seus olhos o lilás enevoado tinha se
reduzido a minúsculos pontos estáticos no meio da imensa branquidão.
O homem divertia-se com a situação e disse apenas:
- Não, minha senhora. Não há.
A mulher pressionou o botão com o indicador e as lâmpadas
dentro da sala se acenderam. Imediatamente os seis homens se viraram atirando
na criatura do centro até que mais nenhuma bala restasse em suas armas.
- E agora? - perguntou desolada, mais a si mesma do que ao
outro.
- Agora só lhe resta fazer uma coisa.
- Eu não vou fazer nada – disse furiosa – é você quem vai
fazer. Vai. Agora! – a última palavra foi dita forte, como uma ordem que era. E
completou já saindo pela porta – mas só observe. Não a traga até que eu mande.
O outro ficou sozinho no aposento. Sabia tudo que precisava
saber, tinha dito tudo que ela precisa ouvir. E então disse baixinho meio que
para si mesmo, meio que para o cadáver em uma língua que poucos entenderiam se
ouvissem: “Você está certo, ela não entende, nunca vai entender. Mas não
importa, nós entendemos, não é?” e sorriu. Seus olhos vermelhos ficaram
completamente escuros e a escuridão se expandiu para o seu rosto e todo o seu
corpo que ficou absolutamente negro, e então translúcido e por fim desapareceu.

Parece òtimo louca para ler
ResponderExcluirbeijos
Susana
Eu vou ler o livro logo logo e esse post só aumentou minha curiosidade *--*
ResponderExcluirPausa Para um Café - Resenha de Livros
Ficou muito legal a divulgação desse levro.
ResponderExcluirFiquei com vontade de ler.
Como são quatro livros vou esperar um pouco mais para começar a ler.
Bjins.