GAROTA,
INTERROMPIDA
SUSANNA KAYSEN
I.S.B.N.: 9788573128628
Sinopse: Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.
"Fiquei obcecada com a honestidade brutal das personagens deste livro"
- Angelina Jolie.
Estamos no ano de 1967, os Estados Unidos está em plena guerra do
Vietnã, as mulheres não tem voz na sociedade, até mesmo o direito ao voto é
negado, mas aos poucos, as "frágeis" mulheres começam a tomar frente
as linhas de produções das industrias,e a provar o seu valor na sociedade.
É neste ambiente que se inicia a historia de Susanna Kaysen, uma Garota
Interrompida, não somente pela guerra, mas também por seu fatídico diagnóstico
medico.
Apos tentar suicídio ingerindo 50 aspirinas, e o seu constante
questionamento sobre a sua sanidade mental, Susanna é diagnosticada com
transtorno de personalidade, e acaba internada em um hospital psiquiátrico, por
livre e espontânea vontade.
"Fosse o mundo denso ou oco,ele só provocava minha negação. Quando era para estar acordada,eu dormia;se devia falar,me calava;quando um prazer se oferecia a mim,eu o evitava.Minha fome,minha sede,minha solidão,o tédio e o medo, tudo isso era, sempre,uma arma apontada para meu inimigo,o mundo.É claro que o mundo não estava nem aí para esses sentimentos, eles me atormentavam,mas eu extraia uma satisfação mórbida do meu sofrimento.Ele confirmava minha existência."
Em um momento da historia, onde ser louco era apenas uma questão de
ponto de vista, já que o mundo estava indo a loucura com a iminência da guerra,
Susanna Kaysen passa a viver no hospital McLean, e é neste local completamente
inusitado, que ela conhece o significado da palavra amizade. É ali que ela encontra Lisa,Cynthia,Polly e Geogina, todas
diagnosticadas com algum tipo de transtorno e consideradas inaptas para viver
em sociedade.
Em um hospital psiquiátrico nos anos 60, o tratamento para os pacientes
era o que hoje consideraríamos como crueldade, que consistiam em eletrochoques,
hidroterapia (que nada mais é, do que a imersão do paciente em agua fria ou
quente,no livro cita "enrolar o paciente nu em lenções umedecidos em agua
gelada.) ,terapia, e é claro, uma quantidade imensa de remédios.
Estar trancafiada no hospital é uma faca de dois gumes para Suzanna e
suas amigas, se por um lado as mantinha seguras e longe do caos que se
instalava no mundo, e de tudo que pudesse lhes ferir, era também uma prisão,
um lugar isolado que as privava de uma
vida normal , e que seria para sempre um estigma na vida de todas elas. Afinal,
como poderiam se reintegrar a sociedade tendo em seu histórico a estadia em um
hospital psiquiátrico?
"Em um estranho sentido, éramos livres.Tínhamos chegado ao fim da linha. Não tínhamos mais nada a perder.Nossa privacidade,nossa liberdade,nossa dignidade: tudo isso tinha acabado.Estávamos despidas até os ossos. Assim nuas, precisávamos de proteção,e o hospital nos protegia.É claro que primeiro nos desnudava,mas isso apenas reforçava sua obrigação de nos dar abrigo."
Este é um livro autobiográfico, a autora é Susanna Kaysen, uma garota
que passou 18 meses de sua vida
internada no hospital McLean.
Neste livro podemos conhecer os medos ,anseios e o desespero de uma
adolescente, que se questiona sobre a própria sanidade mental.
Os relatos detalhados da experiência que a autora viveu dentro da
instituição é emocionante. Também temos a descrição técnica de vários
transtornos de personalidade, principalmente com o qual ela foi diagnosticada:
Personalidade limítrofe. O legal desta pesquisa que a autora fez é que o leitor
descobre o motivo de varias problemas psicológicos, como a depressão. Ela
também enfatiza a diferença entre o psicologo e psiquiatra, de uma forma bem
popular, afirmando que o psiquiatra estuda o cérebro, e tem a certeza de que
este orgão é a fonte dos problemas, e o psicologo estuda a mente, e aceita que
ela é algo individual e único, e desenvolve transtornos por motivos variados,
dependendo da pessoas.
Este o tipo de livro que faz o leitor pensar e refletir, não é o tipo de
historia que você possa ler as pressas, pois a cada capitulo é uma situação
diferente vivenciada por Susanna,que com a grande quantidade de detalhes
apresentados, te leva a comparar com a sua própria vida e refletir sobre o que
é realmente a loucura, e qual é a linha que separa loucura e sanidade, já que
muitos dos aspectos descritos pela autora como loucura é facilmente encontramos
em diversas pessoas, diariamente. O comportamento que levou Susanna a parar em
uma clinica psiquiatria é exatamente o mesmo tipo de comportamento que pode ser
visto em quase todos os adolescentes "problemáticos".O que te leva a
questionar: ela apenas possuía uma personalidade que não coincidia com a
considerada aceitável nos anos 60, ou hoje a maioria das pessoas possui
transtorno de personalidade ou é depressivo,incluindo eu? Este é realmente um livro para se refletir.
"As que se comportam "normalmente" suscitam uma pergunta incômoda:" Qual é a diferença entre aquela pessoa e eu?", que leva a questão: " O que me impede de estar no hospício?".Isso explica a utilidade dos estigma.Algumas pessoas se assustam mais que outras. "Você passou quase dois anos em um hospício! Por que diabos foi para lá? Não acredito!". Tradução: se você é louca, eu também sou;e, como não sou,deve ter havido algum equívoco. "Você passou quase dois anos em um hospício? Qual era o seu problema?".Tradução: preciso saber dos detalhes da sua loucura para ter certeza de que não sou louco. "Você passou quase dois anos em um hospício? Hummm. E quando foi isso?". Tradução: Você ainda é contagiosa?"
Nossa, é muito difícil falar sobre esse livro, já que se trata de um
fato real. Não tem como você criticar trama, enredo e desenvolvimento, já que
são fatos da vida uma pessoa, nada pode ser mudado, retirado ou acrescentado,
são emoções reais e isso é transmitido para o leitor.Então é certeza: você vai
se emocionar.
Este livro é escrito em primeira pessoa, como um diário, mas os relatos
não estão em ordem cronológica, é como se autora fosse recordando dos fatos e
os colocando no papel.
A diagramação também é muito bonita, as divisões de capítulos são super
elaboradas e foi anexado ao longo do livro alguns relatórios médicos da
Susanna, onde podemos ver qual é o diagnóstico dado a ela por seus médicos. Eu
também adorei a capa, é super chamativa, de um tom de rosa bem vibrante e
alegre, o que é um ledo engano para o leitor que julga o livro pela capa, já
que a historia é sombria e emocionante.
Para quem não sabe, este livro foi adaptado para o cinema, lançado em
1999 e dirigido por James Mangold. As personagens principais Susanna e Lisa
foram interpretadas por ninguém menos que Winona Ryder e Angelina Jolie. Este
filme deu a Angelina o Oscar e o Globo de ouro como melhor atriz coadjuvante.
Antes de escrever esta resenha eu assisti ao filme.e posso garantir que
é incrível, assim como o livro. O roteiro é bem fiel ao livro, e conta com a
participação de vários atores consagrados, como Whoopi Goldberg, Jared
Leto,Brittany Murphy e Elisabeth Moss.
"Muitas as disfunções ,a julgar pela população hospitalar, eram diagnosticadas com mais frequência em mulheres.Tomemos ,por exemplo, a "promiscuidade complusiva".Com quantas garotas um rapaz de 17 anos teria de trepar para ser rotulado como "compulsivamente promíscuo"? três?Não. É pouco. Seis?Duvido.Dez? Parece mais possível.Provalemente entre quinze a vinte, no meu palpite.Isso se algum dia colocarem esse rótulo nos rapazes, coisa que, se não me falha a memoria,jamais se fez.E as garotas de 17 anos? Com quantos rapazes teria de ser?
Trailer do filme:
Sobre a Autora:
Susanna Kaysen foi nascida e criada em Cambridge, Massachusetts . Ela é
filha do economista Carl Kaysen , professor do MIT e ex-assessor do presidente
John F. Kennedy , e sua esposa Annette Neutra Kaysen. Kaysen tem uma irmã e é
divorciada.Kaysen cursou o ensino médio na Escola Commonwealth , em Boston, e
da Escola de Cambridge, antes de ser enviado ao Hospital McLean , em 1967, para
submeter-se a tratamento psiquiátrico para depressão. Foi lá que ela foi
diagnosticada com transtorno de personalidade. Ela foi libertada após 18 meses.
Mais tarde, ela chamou esta experiência para seu livro de memórias 1993 Garota,
Interrompida , que foi adaptado para o cinema em 1999.
Eu não assisti ao filme e nem li o livro,mas senti que estou perdendo muito com isso,o livro deve ser mesmo muito emocionante...
ResponderExcluiradorei a resenha e já adicionei a minha lista de desejados.... a narrativa deve ser bem forte e impactante...
fiquei ansiosa para ler agora...
bjssss
Bianca
ApaixonadasporLivros