Keeley mora em Aberdeen, uma cidadezinha costeira dos
Estados Unidos. A adolescente leva uma vida bem normal. Divide seus dias entre
suas melhores amigas, a escola e pensar no garoto dos seus sonhos, aquele de
quem ela sempre gostou, mas nunca teve coragem de fazer algo a respeito: Jesse.
Aberdeen, assim como Keeley é bem normal. Uma cidade
com ar de interior, onde todo mundo se conhece, que só possui uma sinaleira –
que nem funciona – e cheia de tradições e memórias. Não é uma cidade memorável,
e muito menos uma cidade rica. Mas é o lar que os habitantes amam.
A vida dos habitantes de Aberdeen muda durante um
período de tempestades horríveis. Alagamentos tomam conta das ruas, casas são
destruídas e famílias perdem tudo. No meio do caos que a cidade vive, o
prefeito faz um anúncio: Aberdeen deixará de existir e todos precisam ir
embora.
Keeley faz de tudo para apoiar seu pai – que lidera o
grupo de resistência –, manter sua família unida, alegrar a todos na sua volta,
e claro, fazer Jesse perceber que eles são feitos um para o outro. Parece muita
coisa para uma garota que até outro dia só pensava em aproveitar o baile da
escola.
Para alguns, essa é uma chance de recomeçar. Para Keeley,
esse é o fim do mundo.
Confesso que quando vi o livro nos lançamentos da
Intrínseca, de cara, julgando pela capa e pelo título, eu jurava que seria uma
história distópica. E aposto que vocês também, não é mesmo? Em um primeiro
momento, o ‘fim do mundo’ do título pode aparentar ser o fim do mundo de
verdade, daqueles em que praticamente toda população morre. E a capa, que tem
esse grafismo holográfico azulado, representa o mar (notem os barquinhos!). Como
tudo tinha a indicar: uma distopia com inundações.
Seria uma análise interessante. Mas não é isso. O livro
não é uma história distópica. É uma história de amor, de amizade e de poder.
De amor, pois narra à história de Keeley e Jesse, o
garoto dos sonhos. De amizade, pois mostra o quão forte uma amizade pode ser, e
a tudo que ela pode resistir – ou não, sem spoilers! E de poder, em dois
sentidos: o poder da natureza e o poder humano. Vemos na história a fúria das
águas, assim como a briga de poder que existe na política. Sim, é um livro que
aborda vários aspectos e temas, mas que é focado e narrado pela Keeley. Por isso,
tudo tem o ponto de vista dela, a adolescente que quer aproveitar ao máximo os últimos
dias de sua vida em Aberdeen.
Por mais que eu tenha gostado da história de amor,
não me apaixonei por ela. Acho que não me apaixonei pelo Jesse, sendo sincera. Não
senti aquele “ah, que amor!” pela história dos dois, mas alguns momentos eu
achei bem fofos. Na verdade, o que eu mais gostei do livro foram as amizades
Keeley-Morgan e das suas mães, além das disputas políticas e tudo o que
envolvia o poder pela cidade. Ah, e claro, as reviravoltas que acontecem aqui e
ali! (adoro!)
As 368 páginas podem assustar. Mas a escrita da
autora é tão fluída e envolvente que a gente se prende no livro e não reclama
disso! É uma história fofa e ao mesmo tempo dá um certo medo. Imagina tu viver
a vida inteira numa cidade, e descobrir que ela vai simplesmente sumir do mapa e
tu vai ter que te mudar, se afastar de tudo e todos o que conheceu, começar do
zero? Pra mim, isso é assustador.
E a autora traz todos esses medos e aflições na
protagonista. Por mais que ela queira viver ao máximo e aproveitar cada minuto
que resta, ela ainda assim entende a situação, sabe o que vai acontecer no
final, e luta ao lado do pai para evitar a tragédia.
A premissa do livro é o amor, mas ele acaba trazendo
outros assuntos à tona, que pelo conjunto completo, vale a pena ser lido. E
sabem o que me deixou mais animada antes de começar a ler? Saber que ele é inspirado
em fatos reais!

Ótimo!
Eu e você no fim do mundo | Siobhan Vivian
ISBN: 9788551991240 | Ano: 2017 | Páginas: 368 | Editora: Intrínseca | Adaptação cinematográfica: Não
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