O HOMEM DE GIZ
Autor: C.J. Tudor
Editora Intrínseca
I.S.B.N.: 9788551002933
Páginas: 272
Em 1986, Eddie e os amigos passam a maior parte dos dias andando de bicicleta pela pacata vizinhança em busca de aventuras. Os desenhos a giz são seu código secreto: homenzinhos rabiscados no asfalto; mensagens que só eles entendem. Mas um desenho misterioso leva o grupo de crianças até um corpo desmembrado e espalhado em um bosque. Depois disso, nada mais é como antes.
Em 2016, Eddie se esforça para superar o passado, até que um dia ele e os amigos de infância recebem um mesmo aviso: o desenho de um homem de giz enforcado. Quando um dos amigos aparece morto, Eddie tem certeza de que precisa descobrir o que de fato aconteceu trinta anos atrás.
Alternando habilidosamente entre presente e passado, O Homem de Giz traz o melhor do suspense: personagens maravilhosamente construídos, mistérios de prender o fôlego e reviravoltas que vão impressionar até os leitores mais escaldados.
Oi gente, a Resenha de hoje é pelo nosso novo colaborador Bruno Bastos. Confira o que ele achou desta leitura e deixem seus comentários.
O ano é 1986, Ed é um garoto que recém está entrando na
adolescência, junto com outras 4 crianças forma um grupo inseparável. Como bons
amigos dos anos 80 eles se aventuram juntos por diversos fatos estranhos que
vão acontecendo em uma cidade do interior da Inglaterra.
Tudo começa em um dia normal, Eddie e seu grupo estão no
parque da cidade, todos vão a um brinquedo, mas Ed sente algo lhe chamando
distante dali, uma carteira, ele precisa pega-la, ele gosta muito de pegar
coisas dos outros, o desafio, a adrenalina, isso move ele, mas uma parte do
brinquedo twister se solta e uma garota é catapultada para fora dele, parando
bem ao lado de Ed, que estava pronto para fugir, não iria ajuda-la, ele estava
fazendo algo errado, mas alguém o viu, era o novo professor da cidade, ele
passa a responsabilidade para o garoto e Ed se sente obrigado a socorre-la,
atendendo a menina ensanguentada enquanto os paramédicos não chegam ao local,
com a ajuda do novo professor a garota sobrevive, cheia de cicatrizes na vida e
na alma, mas ela continua viva, mas não por muito tempo.
Esse é o início de “O Homem de Giz”, aterrorizante e cheio
de significados. A escritora dá um salto de 30 anos na história, mostrando os
acontecimentos de 2016, com o mesmo grupo, a mesma cidade, mas com
personalidades diferentes e com um assunto ainda bem mal resolvido.
O livro intercala o passado e o presente, capítulos de Ed narrando
a história atual, no ano de 2016, e relembrando o passado e as histórias mal
contadas da década de 80, em 1986.
Fica muito claro durante toda narrativa a mudança nas
personalidades dos personagens, principalmente na de Ed, que sai de um garoto
malandro e inexperiente para um adulto ranzinza, professor e que reclama de
muitas coisas que seriam banais para pessoas comuns.
A estrutura de narração do livro é das minha preferidas para
a literatura, o personagem principal narra a história, em um capítulo, nos dias
atuais, ele vai vivendo coisas novas, descobrindo pistas e pessoas, em outro, o
que se passa nos anos 80, ele vai relembrando o passado, fazendo releituras de
suas memórias, tentando interpretar de maneira diferente suas lembranças ao
mesmo tempo que vai situando o leitor de tudo aquilo que aconteceu. A escritora
gosta de mistério e o livro, sempre que apresenta alguma descoberta importante
pro caso, acaba terminando o capítulo, abordando outra história que corrobore
para aquela descoberta, porém somente 2 capítulos depois você irá descobrir o
que fora descoberto e no que aquele novo fato irá se desenrolará, já que no
capítulo seguinte ela volta para o passado ou avança para o futuro.
Os desenhos de giz tem uma representatividade importante para
a história, sempre aparecem anunciando alguma morte, e é por indicação deles
que os garotos encontram um corpo mutilado no meio do bosque da cidade, que faz
a vida de cada um deles mudar completamente.
O Homem de Giz é um livro intenso, cheio de mortes e que
nada do que apresenta foge da história principal, não existe nenhuma página que
não tenha importância para a história central.
Da mesma maneira como a escritora cria mistérios o tempo
todo ela os resolve, desde o mais simples até o mais complexo e todos tem uma
belíssima explicação, descoberta de uma maneira muito crível e que fecha muito
bem a história toda, sem nada mirabolante ou irreal.
E não são só os mistérios da história que são bem descritos,
todas cenas tem uma ambientação muito cuidadosa, falando sobre a expressão dos
personagens e sobre objetos presentes, que são importantes para o tema central e uma coisa que eu valorizo demais nos livros, as cenas são
coerentes, as coisas que acontecem na infância com o grupo de crianças tem
resultados que são compatíveis com expressões que crianças teriam naquele
momento, nenhuma delas vai pega um revólver e ir para cima do assassino ou
pensar em passar a noite caçando algum criminoso, assim como os fatos que
acontecem na vida adulta deles tem resultados completamente diferentes do que
os que teriam na infância. Isso parece uma coisa banal, mas infelizmente a
maioria dos livros de ação que se arriscam a intercalar essas duas fases da
vida de um personagem acabam fazendo crianças super poderosas ou adultos
extremamente frágeis.
É claro que o livro, por se tratar de uma história
envolvendo grupo de crianças e algum mistério assustador passa a impressão de
lembrar “It” de Stephen King e Stranger Things, mas é uma lembrança apenas,
existem poucas semelhanças e a história principal é bem diferente nos três
casos, porém é mais uma história que envolve adultos tentando superar seus
traumas de infância e que mais uma vez dá muito certo, parece que esse tema
acaba desenvolvendo bons roteiros e histórias gostosas.
Este acabou virando minha leitura favorita do ano, a leitura
anterior era “Deixada Para Trás” segundo livro do escritor Charlie Donlea. Este
é o primeiro livro escrito por C. J. Tudor, uma inglesa de Salisbury. Parece
que novos escritores estão chegando com tudo ou as editoras tem exigido
trabalhos melhores para lançar novos autores. Fico extremamente ansioso para
ler novas coisas de Tudor, a expectativa está lá no alto, será que ela pode
surpreender ainda mais? Será que os demais trabalhos irão manter o nível de “O
Homem de Giz”? E você, gostou de “O Homem de Giz”?
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