Sinopse: Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Nesse apartamento, os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país. Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar. O longa é uma adaptação de "Namíbia, Não!", peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011.
A crítica de hoje é uma colaboração da nossa parceira Anastácia Cabo do Notas Literárias que também nos ajuda como colunista no GMN.
Hello gente, hoje estou invadindo o site do Guardiã da Meia-Noite para falar de Medida Provisória.
Não sei nem por onde começar a falar, porque para mim esse filme deveria fazer parte de currículo obrigatório das escolas por vários motivos.
A direção é de Lázaro Ramos, o que é sinônimo de muita crítica, muito conhecimento e uma dose saudável de sarcasmo social e cultural. O que para mim, já teria valido. As poucas mais de uma hora e quarenta minutos nos fazem refletir e questionar muitas coisas em nossas relações sociais. Assim como seus personagens.
O tempo. A história. Tudo contado do ponto de vista do dominante toma uma conotação muito diferente. Primeiro querem conversar.
Depois impor. E entra em cena o Ministério da Devolução e começa a grande ação do filme. Se fizermos uma analogia simples com nossa situação política atual, sem uma análise profunda e embasada, o personagem André, estrelado por Seu Jorge faz a pergunta de um milhão de dólares no minuto 38:25: "—Como é que não vimos isso? Como deixamos chegar a esse ponto? Como nós rimos disso?"
E aqui eu precisei parar um pouco para poder respirar.
As analogias com situações corriqueiras de ação policial em áreas de pessoas menos favorecidas, o quanto valemos, o que temos e podemos, em relação aos outros. Os recortes de gênero e raça podem não render altas bilheterias, mas rendem ótimas discussões, e Capitu, a personagem vivida por Taís Araújo nos traz uma reflexão muito importante: "A Mulher preta é a mula do mundo" e isso em um momento extremamente realista do filme.
E depois disso tudo a derrota, não é sequer pensada. A união é a resposta. A resposta no filme e com certeza é a nossa resposta também. Com um elenco que conta com nomes muito conhecidos e outros nem tanto, esse, para mim, é o principal diferencial do filme, aliado à direção de Lázaro Ramos e uma fotografia belíssima de pontos do Rio de Janeiro, que incluem lugares históricos de representatividade racial, Medida Provisória veio para incomodar, e com certeza o objetivo foi alcançado.
O Filme tem data de estreia oficial em 14 de abril, e você pode seguir o perfil oficial do filme no Instagram: https://instagram.com/medidaprovisoriaofilme?utm_medium=copy_link
Assista ao trailer e programe-se!
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